O contrato de Jovem Aprendiz é a principal porta de entrada para o mercado de trabalho para milhões de jovens. No entanto, ele também gera muitas dúvidas. Afinal, é um emprego CLT comum? Quais são os direitos reais? Muitos jovens ficam compreensivelmente confusos sobre o que podem ou não exigir.

Se você está começando sua carreira agora, ou é responsável por alguém nessa fase, este guia é a solução. Portanto, vamos explicar de forma simples e direta tudo o que a lei garante ao aprendiz, e também quais são suas obrigações.

O que é, exatamente, o Contrato de Jovem Aprendiz?

Em primeiro lugar, é fundamental entender que este não é um emprego comum. O contrato de Jovem Aprendiz é um acordo especial, focado na formação técnico-profissional. Isso significa que ele deve, obrigatoriamente, combinar o trabalho na empresa com um curso de aprendizagem (como os oferecidos pelo Senai, Senac ou outras entidades qualificadas).

Além disso, a Lei da Aprendizagem protege o jovem e define as regras. Sendo assim, para ser um aprendiz, você precisa ter entre 14 e 24 anos e estar matriculado na escola (caso ainda não tenha concluído o ensino médio).

Principais Direitos no Contrato de Jovem Aprendiz

Embora seja um contrato especial, ele garante direitos trabalhistas importantes. Em outras palavras, você não é um “estagiário” nem um “ajudante”; você é um trabalhador em formação.

1. Carteira de Trabalho Assinada

Sim, o aprendiz tem direito à Carteira de Trabalho (CTPS) assinada desde o primeiro dia. Esse registro é a sua maior garantia. Afinal, ele comprova seu vínculo e faz com que esse tempo de serviço conte para a sua aposentadoria no futuro.

Atenção: esse vínculo é totalmente diferente de um trabalho sem carteira assinada, pois essa é uma prática ilegal e não oferece nenhuma dessas garantias.

2. Jornada de Trabalho Reduzida

O aprendiz não pode trabalhar 8 horas por dia como um funcionário CLT comum. Dessa forma, a sua jornada máxima é de 6 horas diárias.

Essa jornada só pode chegar a 8 horas diárias se você já concluiu o ensino fundamental. No entanto, essas 8 horas devem obrigatoriamente incluir o tempo do seu curso teórico. Além disso, é estritamente proibido fazer horas extras ou trabalhar no período noturno (das 22h às 5h).

3. Salário Mínimo-Hora e Descontos

Você tem direito a receber, no mínimo, o salário mínimo-hora (calculado com base no salário mínimo nacional ou no piso regional, se houver). A empresa não pode pagar menos que isso.

Assim como em qualquer contrato, existirão descontos no salário. Por exemplo, o INSS (Previdência) e o vale-transporte (se você optar). A empresa também pode descontar faltas não justificadas.

4. Férias (Coincidindo com a Escola)

O aprendiz tem direito a 30 dias de férias após 12 meses de trabalho, assim como outros trabalhadores.

Aqui existe um detalhe muito importante: a lei determina que as férias do trabalho devem, preferencialmente, coincidir com as suas férias escolares. Isso é feito para proteger seu descanso e seu desempenho acadêmico.

5. 13º Salário e FGTS

O contrato de Jovem Aprendiz garante, sim, o 13º salário. Geralmente, ele é pago em duas parcelas (a primeira até novembro e a segunda até dezembro).

Você também tem direito ao Fundo de Garantia (FGTS). A empresa deve depositar o valor em uma conta na Caixa. Contudo, a alíquota é diferente: para o aprendiz, o depósito é de 2% do salário, enquanto para o funcionário comum é de 8%.

6. Vale-Transporte

A empresa deve fornecer o vale-transporte para o seu deslocamento de casa para o trabalho e, também, para o local do curso de aprendizagem.

Deveres e Obrigações do Contrato de Jovem Aprendiz

O contrato é uma via de mão dupla. Portanto, para garantir todos esses direitos, o aprendiz também precisa cumprir sua parte.

O dever mais importante é frequentar o curso de aprendizagem com dedicação. De fato, faltas no curso sem justificativa podem, sim, levar a descontos no salário e, em casos graves, até à rescisão do contrato por justa causa.

Além disso, você deve executar as tarefas na empresa com responsabilidade, comprometimento e seguir o regulamento interno, assim como qualquer outro funcionário.

Como Funciona o Fim do Contrato de Jovem Aprendiz?

O contrato de Jovem Aprendiz tem um prazo máximo de duração de 2 anos. Quando ele chega ao fim, a empresa não precisa pagar o aviso prévio nem a multa de 40% do FGTS. Isso acontece porque o contrato já tinha uma data certa para acabar.

No entanto, você tem direito a receber seu saldo de salário, 13º proporcional, férias vencidas (se houver) e férias proporcionais. Você também poderá sacar todo o valor do FGTS que foi depositado pela empresa.

Muitas empresas, aliás, aproveitam esse momento para efetivar o jovem como um funcionário CLT regular. Sendo assim, esses 2 anos são sua grande chance de mostrar seu valor.

Problemas no Contrato de Aprendiz? Saiba o que Fazer

Infelizmente, algumas empresas não cumprem a lei. Por exemplo, elas podem exigir horas extras, deixar de pagar o FGTS, não assinar a carteira ou tratar o aprendiz como um funcionário comum, mas pagando o salário reduzido.

Se você acha que seu contrato de Jovem Aprendiz está sendo desrespeitado, é crucial buscar ajuda. Primeiramente, não tenha medo de perguntar e exigir o que é seu por direito. Guardar provas, como conversas de WhatsApp, e-mails e extratos bancários, é o próximo passo.

O contrato de Jovem Aprendiz é uma oportunidade fantástica, mas ela só funciona se a lei for seguida. Dessa forma, conhecer seus direitos é a melhor forma de se proteger de abusos e garantir que sua carreira comece do jeito certo.

Se você está inseguro sobre seus direitos ou acredita que a empresa está falhando com você, é hora de agir. Felizmente, nossa equipe de especialistas está pronta para analisar sua situação. Entre em contato conosco e garanta que sua jornada profissional comece com o pé direito.

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